Durante a pandemia, temos enfrentado problemas com direções sindicais que insistem no trabalho presencial. Em geral, os sindicatos funcionam em ambientes pequenos, fechados, climatizados, com atendimento ao público, espaços propícios para difusão da Covid-19, especialmente agora com o surgimento da variante Delta.

O SINTESNIT entende que, mediante a crise sanitária, as entidades sindicais têm condições de funcionar de forma remota, com atendimento virtual, protegendo seus funcionários, os próprios dirigentes sindicais e os sindicalizados. Esse é o cenário que consideramos mais virtuoso dentro do atual cenário.

Contudo, os sindicatos que estão em serviço presencial precisam adotar medidas sanitárias rigorosas e garantir testagem regular de dirigentes e sindicatários que estão na rotina de funcionamento das entidades. Cadeiras, mesas, telefones, teclados computadores e outros equipamentos precisam ser higienizados com álcool e desinfetante, diariamente e várias vezes ao dia. Barreiras acrílicas devem ser instaladas, especialmente onde há atendimento ao público. Deve haver obrigatoriedade e cobrança permanente ao uso de máscaras.

As salas em uso devem ser ventiladas e alcool em gel disponibilizado em todos os ambientes. Funcionários com qualquer sintoma de gripe ou resfriado devem ser imediatamente afastados e encaminhados para testagem. Além de tudo, é necessário que as entidades não aglomerem seus funcionários, reduzindo horário de atendimentos, praticando escalas e abrindo somente os serviços mais essenciais.

Da mesma forma, consideramos equivocada a lógica mecânica de transferir automaticamente o modelo de funcionamento presencial das empresas ou instituições das bases que os sindicatos representam para as próprias entidades sindicais. É preciso considerar que a natureza de trabalho é diferente e que a direção sindical passa a ser responsável por qualquer surto do vírus que ocorra entre seu corpo funcional.

Além disso, os sindicatos muitas vezes não tem os mesmos recursos financeiros de uma grande empresa ou instituição para garantir as medidas de segurança sanitárias. Ao impor o serviço presencial, as entidades sindicais tendem a corroborar com práticas de patrões, governos e gestores das categorias que representam. O avanço da vacinação mitiga os riscos, atenua infecções e nos oferece uma perspectiva futura, mas não impede que as pessoas contraiam e espalhem o vírus, algo perigoso em um momento que se espalham novas variantes.

Para criticar o negacionismo do governo Bolsonaro, é necessário não reproduzir as práticas equivocadas de patrões, governos e gestores no decorrer da pandemia. O sindicatos devem dar o exemplo ao serem firmes em não contribuir para o aumento de casos e mortes. O lugar do sindicato nesse momento é nas ruas, nas mobilizações contra o governo Bolsonaro, em lugar aberto, onde o vírus não se espalha, não em ambiente fechado com rotina diária de horas de trabalho.