Esclarecimentos sobre a proposta de diretores do Sintesi-RJ que defendem a desfiliação à FITES
A unidade na luta sempre foi uma das principais bandeiras da Federação Nacional dos Trabalhadores em Entidades Sindicais (Fites). Foi com esse intuito que ela nasceu: congregar em uma única voz as diversas entidades representativas da categoria sindicatária no país.
Essa iniciativa resultou num acúmulo de força e experiência, que tem garantido importantes vitórias no enfrentamento ao patronato que – no caso dos sindicatários -, são também trabalhadores oriundos de diversas categorias profissionais onde atuam politicamente e, por isso mesmo, constituem parcela diferenciada quando assumem o papel de patrões nas entidades que dirigem.
Assim, para nós, trabalhadoras e trabalhadores, que atuamos em entidades sindicais, os desafios da luta tornam-se ainda maiores e a bandeira da unidade é primordial.
Lamentavelmente, entretanto, neste momento, o Sintesi-RJ parece ter esquecido a importância da unidade na luta, tentando colocar em prática aquilo que mais querem os patrões: desunião e fragmentação, com o conseqüente enfraquecimentos da luta.
No dia 30 de agosto, numa reunião virtual de diretoria que foi denominada como assembleia, a pauta central foi a desfiliação do Sintesi-RJ da Fites. Uma reunião fechada em que foi vedada a participação da Fites, onde só tiveram voz o núcleo da diretoria que está descontente com o espaço que tem na estrutura organizativa da Federação.
Sim, o Sintesi-RJ tem representação na direção nacional, ocupa, inclusive, uma diretoria fundamental na Executiva, que é a de Comunicação, mas quer ocupar mais espaço e ampliar ainda mais sua participação, o que é legítimo. O problema é que essa vontade não se traduz em trabalho. Muitas vezes, nem mesmo as publicações definidas pela direção da Fites são encaminhadas pelo diretor de Comunicação. As manifestações políticas e as informações dos diversos sindicatos filiados não são publicadas nem repassadas. A página da internet só é atualizada com informações gerais copiadas de outros sites, dando pouca visibilidade às lutas específicas da categoria. A bem da verdade, o Sintesi-RJ parece que só se mobiliza para os
Congressos da Fites, quando tenta ocupar mais cadeiras na direção.
Como entidade nacional, a Federação tem buscado sempre o equilíbrio em sua composição, para que todos os estados estejam igualitariamente representados em sua diretoria. Mas parece que o Sintesi-RJ ainda não entendeu isso e na sua busca por cargos acaba por contribuir mais para a desagregação do que com a unidade.
Na impossibilidade de mostrar trabalho efetivo que justifique maior representação na direção nacional, o caminho adotado por esses representantes do Rio de Janeiro é a desfiliação, numa tentativa de implodir a luta sindicatária, fazendo um jogo que só interessa aos patrões.
Faltando com a verdade
A própria reunião de diretoria do Sintesi-RJ, denominada de assembleia, já demonstra a falta de apreço à verdade. Não foi devidamente convocada para a finalidade pretendida de desfiliação, não cumpriu os requisitos estatutários e não foi feita com a transparência que a seriedade e o respeito à categoria exigem.
A reunião em si foi um festival de inverdades para tentar justificar a desfiliação. A falsidade teve início com o fato de que uma assembleia dessa natureza tem que ser presencial, até porque a determinação legal que permitia que fosse virtual, em razão da pandemia (Lei 14.010/2020) não mais se aplica.
Dentre os falsos argumentos apresentados para a desfiliação, destacam-se:
1. A queixa de que o Sintesi-RJ não tem espaço na direção da Fites. Tal afirmação é desmentida pela realidade dos fatos. A entidade tem dois representantes eleitos, sendo um deles na Executiva e numa diretoria fundamental que é a de Comunicação. O desempenho, entretanto, deixa a desejar, uma vez que o principal canal de informações que é o site da Fites tem no destaque matérias ainda do período da pandemia, nenhum destaque de 2023 e as notícias mais atuais são cópias de outros sites. O descaso com o trabalho é tanto que nem mesmo a composição da diretoria da Fites está atualizada no site, permanecendo os nomes da gestão anterior, que foi modificada há mais de um ano.
2. Afirmam a disposição de se retirar da Fites por falta de ação política da Federação, mas não esclarecem essa crítica, na medida em que a entidade tem se posicionado sempre diante do cenário político brasileiro, tem pautado essas discussões em seus congressos e
encaminha todas as lutas que lhes são encaminhadas pelas entidades filiadas. A decisão política a que se referem deve ser do ressentimento da diretoria do Sintesi-RJ quando não consegue o espaço que quer ocupar na gestão nacional.
3. Tem companheiro do RJ que confunde ações políticas com gestão e administração. Foi citado por um diretor que “o último ato político que essa federação teve foi na conclusão do seu estatuto”. A colocação, além de equivocada na concepção é também desinformada, porque citou o regramento preparado por Lurdinha. Não sabe ele que a nova versão de Estatuto é de 2012, assinado por Edilson.
4. Sobre a acusação de que se formou um grupo regional na direção da Fites, trata-se de outra inverdade. Basta ver a composição da atual diretoria, para constatar que entidades dos diversos estados que compõem da Federação estão representadas através de diretores dessas bases, de forma equilibrada e igualitária. Haveria sim uma regionalização se, como querem os diretores do Sintesi-RJ, este estado tivesse maior representação que os demais.
5. A afirmação de que o Sintesi-RJ constitui a maior base da federação e é a que mais contribui financeiramente não pode servir de justificativa para privilégios. A representação na Fites sempre foi pautada pelo equilíbrio entre as diversas representações. Os cargos na diretoria não são comprados, são reflexo de uma estratégia de organização definida coletivamente, desde o início da Federação.
6. Não é verdade que o Sintesi-RJ tem papel secundário, sem peso algum, como afirmam diretores da entidade, que também alegam não serem ouvidos em vários debates. Em toda atividade sempre foram respeitadas as colocações de cada diretor e de cada entidade filiada. Os companheiros do RJ têm cargo na Executiva e são representados por dois diretores na gestão nacional. Talvez seja preciso avaliar melhor a qualificação para o debate ao invés de assumirem posição de vítimas.
7. Alegam que uma companheira do RJ teria sido hostilizada, num debate interno no Congresso da Federação. Não se tem registro, entretanto desse tipo de prática. A realização dos Confites sempre foi pautada pelo respeito democrático às representações. Nunca foi cerceada a palavra de nenhum representante e o direito de fala sempre foi garantido. Divergências e manifestações de discordância fazem parte da dinâmica dos debates e é preciso que as pessoas tenham maturidade para entender isso quando suas propostas são rejeitadas pelo coletivo.
8. É muito estranha, também, a afirmação de que nessa última gestão as contribuições para a Fites tenham sido depositadas em conta pessoal de um dos diretores da Federação, “pelo fato desta não estar legalizada”. Isso nunca ocorreu. Não há registro de nenhum deposito em conta pessoal feita pelo Sintesi-RJ. É preciso, inclusive, conferir se a prestação de contas do sindicato se encontra irregular e como foram contabilizados esses valores. Até porque o Estatuto da Fites se encontra legalizado sim, desde sua assinatura e registrado no cartório 2º Oficio de Registro de Pessoa Jurídica. Também a Ata de Posse foi devidamente registrada logo após o encerramento do Confites, que se deu no dia 25 de agosto de 2022. No dia 23 de setembro de 2022 foi registrada, assinada por todos os diretores eleitos
9. Mais uma inverdade é a afirmação de que vários sindicatos que não estavam pagando a Fites participaram do Congresso. Todas as entidades (BA, Niterói, RJ, RO, PB, SE, RJ, PI, MA, CE, AL, PE, SC e MG) estavam adimplentes. Todas aptas, com direito a voz e voto. Afirmar o contrário é falta de respeito com as entidades presentes ao IV Confites.
Como se pode depreender pelo exposto, há atualmente um grupo insatisfeito com a atuação democrática como vem sendo conduzida a Fites que, ao invés de se qualificar para o debate interno e fortalecimento da Federação, prefere o caminho mais fácil da retirada e enfraquecimento da luta, lançando mão, inclusive de afirmações falsas e inverdades para tentar justificar essa posição divisionista.
A Fites conclama essas companheiras e companheiros a uma reflexão, alertando para que todo e qualquer posicionamento seja tomado sempre em respeito e em conjunto com as bases do seu sindicato, cuja gestão lhes foi confiada para o fortalecimento e o avanço das lutas da categoria sindicatária.
Brasília, 07 de Novembro de 2023.
DIRETORIA DA FITES