Os trabalhadores nunca tiveram um 1º de maio como este. O mundo todo passa por transformações profundas em razão da pandemia do Covid-19, que está mudando hábitos, relacionamentos e valores.
No Brasil, os trabalhadores enfrentam ainda outra ameaça às suas vidas: o presidente Bolsonaro. Desde que foi eleito, suas atitudes irresponsáveis multiplicam os riscos e causam estragos e retrocessos históricos, retirando direitos e concentrando ainda mais a riqueza, especialmente nas mãos dos bancos, especuladores e rentistas que, no fundo são uma coisa só.
A mesma irresponsabilidade se reflete também no cenário da pandemia, quando ele trata a grave doença como “gripezinha” e quer retirar todos da segurança do confinamento com o único objetivo salvar seu projeto ultraliberal que concentra renda, vende o patrimônio do povo às empresas estrangeiras e entrega a soberania do País nas mãos dos Estados Unidos e dos donos do capital que não tem pátria.
O enfrentamento que se coloca neste momento histórico para os trabalhadores requer muita capacidade de organização e de luta. Mas o desafio fundamental e mais importante é o da construção da unidade. Todas as entidades da sociedade civil no campo popular precisam estar unidas e coesas em torno de bandeiras comuns, cujo eixo central é a defesa da democracia.
Este não é o momento para divisões entre os trabalhadores. O movimento sindical tem uma responsabilidade histórica e joga papel decisivo nessa consolidação da unidade em torno da luta. Todas as centrais, sindicatos, associações e representações de classe precisam estar coesas para fortalecer o campo progressista e derrotar a direita e a extrema direita reacionárias, que se apropriaram das estruturas de governo.
Se alguém tinha ainda alguma dúvida sobre a falta de caráter e a vocação para embustes, corrupção, e autoritarismo de Bolsonaro, agora não tem mais como alegar desconhecimento. O próprio ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, que cumpriu papel fundamental no golpe que resultou no impeachment de Dilma e na prisão arbitrária do ex-presidente Lula, barganhando seus serviços por um cargo de ministro, acabou pedindo demissão fazendo acusações gravíssimas ao presidente da República.
Por muito menos que o escândalo agora exposto a toda sociedade, o Legislativo e Judiciário promoveram o golpe que levou Michel Temer à Presidência, para restabelecer os interesses do neoliberalismo mais agressivo dos últimos tempos, culminando na reforma trabalhista que rasgou a CLT e aprofundou a informalidade cruel para os trabalhadores.
O golpe foi tão duro que praticamente imobilizou a reação da sociedade contra essa sucessão de ataques. O que refletiu também no desastroso processo eleitoral, manipulado pelas fake news e pela oficina do ódio montada nas redes sociais.
As atividades e comemorações do Dia do Trabalhador, este ano, diferentes na forma – em função da pandemia -, têm que ser diferentes também na proposição estratégica, trazendo renovação. Revigorar a capacidade de luta, resistência e superação, de maneira unitária e coesa, é o nosso desafio e propósito.
Que seja um grande 1º de maio!